terça-feira, 2 de junho de 2009

Notícias: Alfabetização proporciona aumento de renda para as mulheres


Um adulto analfabeto que aprende a ler e escrever tem um aumento de até 25% em sua renda. Já um homem adulto que se alfabetiza, tem um aumento em torno de 10%. Dentre os empregados formais - ou seja, com carteira assinada -, o número sobe para cerca de 15%. Já no caso das mulheres, o retorno financeiro é ainda maior: 17%, podendo chegar a até 25% para as mulheres entre 46 a 60 anos (para os homens dessa faixa etária o aumento é de 15%).
Esses dados foram levantados pela pesquisa "Efeitos da alfabetização de adultos sobre salário e emprego", realizada pelo Centro de Microeconomia Aplicada da Escola de Economia da Fundação Getúlio Vargas, que teve como objetivo demonstrar a relação entre alfabetização e aumento de renda.
A análise teve como base de dados a Pesquisa Mensal de Emprego (PME), realizada entre janeiro de 2002 a dezembro de 2006 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que ouviu mais de 1,6 milhão de pessoas das regiões metropolitanas de São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Belo Horizonte, Recife e Salvador.
Segundo o estudo, "os indivíduos que se alfabetizam auferem, em média, rendimentos 9,3% maiores relativamente àqueles que permanecem analfabetos". De modo geral, o estudo aponta uma conclusão que está no senso comum: quanto maior a escolaridade do empregado, melhor é seu salário. Dentre os empregados formais, o aumento médio é de 12%.
De acordo com os pesquisadores da FGV responsáveis pela pesquisa, Maúna Soares de Baldini Rocha e Vladimir Ponczek, a diferença entre os ganhos obtidos por um homem e uma mulher pode estar no tipo de trabalho: "Uma possibilidade é que, em geral, os homens analfabetos trabalham em setores manuais, como na construção civil, onde o ganho com a alfabetização não será muito grande. No caso das mulheres, o aumento é maior porque, se ela trabalha como empregada doméstica, a capacidade de leitura será importante e a valorizará".

Operacional: Atenção para o preenchimento correto dos cadastros

Nesta edição, a AlfaSol lembra a todos os seus colaboradores a importância do preenchimento correto de todos os cadastros. É imprescindível que os dados cadastrais de alfabetizadores, alunos e coordenadores sejam sempre atualizados junto à AlfaSol, para evitar dificuldades posteriores. A inconsistência nos dados do alfabetizador poderá dificultar a abertura de conta junto ao Banco do Brasil S/A e, consequentemente, atrasos no repasse das bolsas. Em caso de dúvidas ou esclarecimentos, entre em contato com a nossa Gerência de Execução e Atendimento (GEXA), no telefone (11) 3372 4360.

AlfaSol e TRE/PA: uma iniciativa pioneira


Uma ação pioneira na Justiça Eleitoral, relativa à responsabilidade social, está sendo implementada pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE) do Pará. Trata-se do "Programa Eleitor Alfabetizado - Formando cidadãos, transformando a sociedade", realizado em parceria com a Alfabetização Solidária, que objetiva a formação política e cidadã de eleitores analfabetos dos municípios paraenses, por meio da Educação de Jovens e Adultos (EJA). A meta é beneficiar cerca de 600 cidadãos analfabetos do Estado, sejam eles eleitores ou candidatos a cargos eletivos, residentes nos municípios participantes, e promover atividades de aproximação dos alunos junto à Justiça Eleitoral local.
A ideia do TRE/PA de desenvolver ações de responsabilidade social, contemplando o curso de alfabetização, surgiu da constatação de que os índices de analfabetismo dentre eleitores e candidatos no Estado são bastante elevados. Segundo o presidente do TRE paraense, desembargador João José da Silva Maroja, o analfabetismo é um dos grandes inimigos da democracia. "Infelizmente, o Pará ainda apresenta dados preocupantes no que diz respeito ao número de pessoas analfabetas, que não estão capacitados para o exercício crítico da própria cidadania", afirma.
A taxa de analfabetismo local, importante indicador de desigualdade social, é de 16,77%, bastante superior à média nacional de 13,63%; dentre os eleitores, o percentual de analfabetismo atual é de 8,47% no Estado. O baixo grau de instrução também se reflete nas estatísticas referentes às candidaturas. Segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral, nas eleições municipais de 2008, dos 284 candidatos que se declararam analfabetos, 10 são do Pará. E, dentre os 90.734 que declararam possuir o ensino fundamental incompleto - apenas leem e escrevem -, 3.664 são do mesmo Estado. "Como instância do Poder Judiciário, o Tribunal Regional Eleitoral do Pará também chama para si essa responsabilidade, porque, como sabemos, isso tem reflexos diretos no processo eleitoral", afirma o desembargador.
Além do TRE-Pará e da AlfaSol, as ações propostas pelo "Programa Eleitor Alfabetizado - Formando cidadãos" contará também com a parceria dos municípios paraenses. Nesta fase piloto, 10 municípios do Estado participarão do programa, selecionados a partir dos índices oficiais de analfabetismo.
A execução do programa ficará a cargo de educadores sociais e agentes locais, tanto dos municípios participantes quanto da equipe do TRE-Pará, preparados pela AlfaSol para atuar de forma contextualizada no curso de alfabetização. Além de fortalecer a participação político-eleitoral de eleitores, essa equipe trabalhará para articular a inserção dos temas referentes ao exercício do voto nas atividades educacionais dos municípios participantes. Já os servidores do TRE-Pará receberão formação para realizar atividades que promovam uma aproximação entre a Justiça Eleitoral e a população em geral. Legenda: O Conselho Gestor do Programa Eleitor Alfabetizado em reunião para discutir as diretrizes do Projeto Político Pedagógico.

Foto: Willian Abreu Silva

Case - TeleSol estimula a continuidade dos estudos na EJA


Com apenas dois meses de aplicação, o programa TeleSol, implementado em Teresina, por meio da parceria entre a AlfaSol, a Secretaria Municipal de Educação (Semec) e a Fundação Roberto Marinho (FRM), já é sucesso entre os alunos das escolas municipais participantes e tem transformado a vida dos cidadãos piauienses. A iniciativa visa garantir a continuidade nos estudos para mais de três mil jovens e adultos com idade acima de 15 anos e diminuir os índices de analfabetismo funcional na cidade.
Professor da rede pública há 25 anos, Baltazar Campos Cortez é um dos educadores que participam do Programa TeleSol. Entusiasmado com a metodologia do Tecendo o Saber, revela ser essa a primeira vez que leciona a partir de um modelo específico, respeitando as diferenças e adversidades de cada um. "É uma satisfação muito grande saber que podemos ensinar a partir da realidade dos alunos". O educador explica que o modelo apresenta situações até então distantes dos alunos de EJA. "Eles frequentemente são vistos com certo preconceito. Assim, o fato de o TeleSol possuir material próprio, que inclui livros específicos para o aprendizado e professores com formação especial, faz com que os alunos se sintam valorizados e estimulados a continuarem nos estudos", completa Baltazar, ao reforçar a importância do projeto também para a autoestima desses jovens e adultos.
Além dos alunos, o programa também incentiva os professores, que são estimulados a contextualizar as aulas a partir de atividades que deem sustentação à sequência das lições. "O programa é muito proveitoso, pois envolve os alunos e oferece a possibilidade de discussões acaloradas, suscitando diversos debates na sala de aula". O educador também ressalta a satisfação dos alunos em receber material específico para seus estudos. "Um aluno chegou a comentar que possuía livros iguais aos dos estudantes da área de Saúde, referindo-se ao dicionário que faz parte do kit educacional básico que integra o programa", comenta.
Baltazar reforça que, além dos kits, as capacitações oferecidas pela equipe da AlfaSol são fundamentais para o bom desenvolvimento do TeleSol. "A partir das formações, nós, professores da rede pública, nos sentimos mais confiantes para desenvolver nosso trabalho. Afinal, a dinâmica proposta, o envolvimento do professor e o acompanhamento pedagógico são fundamentais para o sucesso do programa", revela com entusiasmo.
Esse sentimento é também compartilhado pela aluna da 3ª série Maria da Penha Povoas que, aos 40 anos de idade, voltou a frequentar a sala de aula. Convidada pela vizinha que participa do TeleSol, Maria deixou a vergonha de lado e encarou o novo desafio.
Ela conta que parou de estudar por conta da primeira gravidez, há 20 anos. Depois disso, não encontrou tempo e nem disposição para continuar os estudos. Com duas filhas já criadas, prestes a completarem 18 e 20 anos, Maria descobriu a motivação para voltar aos bancos escolares. "Quero um novo trabalho", revela. Como doméstica, não tem salário fixo, benefícios, tampouco tempo para o marido. "O fato de não ter completado o ensino fundamental impede que eu consiga arrumar um serviço melhor. Minha mãe já conseguiu outras oportunidades para mim, mas eu tinha que ter o ensino fundamental completo", desabafa.
Filha de professora, Maria foi a única dos seis irmãos que não fez questão de frequentar a escola. "Todos terminaram os estudos, alguns são até professores", diz orgulhosa da família. Ela conta que, em 2000, chegou a fazer matrícula na escola, mas depois de um mês desistiu, por falta de estímulo. Nove anos depois, após perder algumas vagas de emprego e incentivada pela mãe e pelo marido, Maria matriculou-se no TeleSol.
Em apenas dois meses de aula, as mudanças já são visíveis. Maria perdeu a vergonha de frequentar as aulas, sente-se mais segura, conversa melhor com filhas, marido, vizinhas e patroas, e está mais participativa na comunidade. "As pessoas notam quando estamos crescendo como pessoas", revela entusiasmada com a metodologia aplicada. "Estou gostando muito das aulas, principalmente dos vídeos. Já acompanhava o Tecendo o Saber há tempos, pela televisão, e fiquei muito feliz de estudar pelo programa", completa.
Maria sonha em prosseguir nos estudos. Quer terminar o Ensino Médio, fazer um curso de culinária e arrumar um serviço que traga mais benefícios para poder ajudar ainda mais sua família. Seu próximo desafio é convencer o marido, que frequentou até a 6ª série do Ensino Médio, a voltar a estudar. "Agora penso diferente. Não desisto mais porque sei que, sem o estudo, as oportunidades são menores", finaliza. Legenda: Professores da rede pública de ensino participam de formação do Programa TeleSol.
Foto: divulgação

Práticas de sucesso: Aluna e alfabetizador de Lagarto são destaques em evento


Conhecer os resultados do trabalho desenvolvido em conjunto: este foi um dos objetivos do encontro realizado entre a Alfabetização Solidária, a General Motors do Brasil e a Rede de Concessionárias Chevrolet, que integram a parceria do programa Rede Chevrolet de Educação Solidária. Realizado na sede da montadora, em São Caetano do Sul, o evento reuniu, dentre outros, representantes da General Motors, como o presidente da GM do Brasil e Mercosul, Jaime Ardila, das Concessionárias Solidárias que integram o programa, da AlfaSol, com a superintendente executiva da AlfaSol, Regina Célia Esteves de Siqueira, e o ex-presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, convidado de honra para receber a homenagem feita à Dra. Ruth Cardoso, fundadora da AlfaSol.
Após a abertura do evento, quando foram homenageados Bruno Caltabiano, concessionário e grande entusiasta da Rede Chevrolet de Educação Solidária, falecido recentemente, e a Profª Dra. Ruth Cardoso, fundadora da Alfabetização Solidária, o grupo pôde conhecer os resultados deste primeiro ano de execução da Rede Chevrolet de Educação Solidária.
Para melhor exemplificar a importância das ações desenvolvidas, os presentes puderam conversar com a aluna Simone da Silva Pereira, de 37 anos, e com o alfabetizador José Gilton Ferreira dos Santos, de 42 anos, que vieram do município de Lagarto, em Sergipe, para o encontro. Eles contaram sobre a sua experiência com o programa e os benefícios deste gerou para suas vidas. "É um programa importante, e o apoio de empresários é fundamental para o sucesso da causa. Acho que mais empresários deveriam apoiar iniciativas como esta", conta o alfabetizador.
Sobre a parceria - O Rede Chevrolet de Educação Solidária é fruto da parceria envolvendo a Alfabetização Solidária, a General Motors do Brasil, por meio do seu braço social, o Instituto General Motors (IGM), em conjunto com a Rede de Concessionárias Chevrolet. O objetivo é beneficiar jovens e adultos analfabetos ou com pouca escolarização de 24 municípios com os mais baixos Índices de Desenvolvimento Humano (IDH) e piores taxas de analfabetismo dos Estados de Sergipe e Piauí. Foram criadas 240 novas salas de aula nos dois Estados para os novos alunos. O Rede Chevrolet de Educação Solidária apresenta formato inédito, com grande potencial multiplicador: para cada R$ 1,00 investido pelas concessionárias, o IGM soma mais R$ 1,00.
Legenda: Ex-ministro, José Gregori; a aluna Simone da Silva Pereira; o ex-presidente da República, Fernando Henrique Cardoso; o alfabetizador José Gilton Ferreira dos Santos, e a superintendente executiva da AlfaSol, Regina Célia Esteves de Siqueira.
Foto: Suzana V. Gnipper